quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Violência contra os professores não pode ser vista como normal


Professora de Franco da Rocha, SP, vítima de violência de alunos o Brasil está em primeiro lugar no ranking de violência contra professores divulgado pela OCDE. Será que os pais dos estudantes têm consciência da gravidade desse resultado e do que ele significa para a educação dos seus filhos?

Por um lado, significa que nossas crianças e jovens estudam num sistema educacional cheio de falhas e ineficaz. Não adianta explicar a violência na escola só em função do entorno em que os alunos vivem. Isso conta, mas o fato é que o país não atualizou o ensino e, em plena cibercultura, mantém um modelo educacional do século passado.

Nesse sistema, o magistério é tão mal remunerado que não atrai talentos. Os que ingressam na profissão não recebem a preparação adequada, começam a lecionar sem experiência e têm dificuldade para conquistar os estudantes. Os alunos não se interessam pelo que é ensinado e a didática não é atraente. Ficam desmotivados, hiperativos, indisciplinados.

Para controlar a turma, muitos professores tentam manter a ordem, o que, dependendo da forma, gera revolta. A sala de aula se converte num campo de batalha. Professores adoecem. Milhares abandonam a profissão. Prova Brasil e Enem mostram que, a cada ano, poucos alunos aprenderam o que deveriam.

Ao mesmo tempo, esse desonroso resultado também significa que muitos jovens não estão aprendendo, em casa, aspectos básicos para o convívio social, como urbanidade, respeito, cortesia, civilidade. E estão aprendendo pouco sobre o valor da educação.

Na Coreia do Sul, o índice de violência relatado pelos mestres é zero. Isso não acontece apenas porque o país valorizou a carreira docente, mas sobretudo porque em casa, desde cedo, as crianças aprendem a importância da escola e o respeito pelos que ensinam.

É verdade que esse fenômeno não ocorre só no Brasil. Por exemplo, no México, a Comissão Nacional de Direitos Humanos e o Sindicato de Trabalhadores da Educação acabam de lançar um documento que adverte sobre a violência que os professores vêm sofrendo por parte dos alunos, citando: ameaças, insultos, roubos, danos a seus carros, bullying pela internet, empurrões, socos. Fatos similares ocorrem na Argentina, Espanha, Uruguai, por citar alguns. Isso não deveria ser um consolo. Alguns estados brasileiros passaram a colocar policiais dentro das escolas. Essa não deveria e não pode ser a única solução possível.

Pobre do país que despreza seus próprios mestres. Serão os tablets a solução mágica? Recursos tecnológicos armazenam muitos conteúdos, mas não podem ensinar valores, promover posturas de vida, formar agentes de mudança social.

Se os pais brasileiros desejam uma educação de qualidade para seus filhos, não deveriam lidar com agressões contra professores como se fosse normal. A violência crescente contra os mestres é sinal de colapso iminente no sistema educacional. Os pais precisam se envolver nas discussões sobre as melhorias necessárias nas escolas. Acompanhar a implantação do Plano Nacional de Educação. Seja qual for o candidato eleito, cobrar uma gestão qualificada da rede escolar. A cobrança da sociedade pode conquistar políticas educacionais mais continuadas e efetivas.

Os pais que têm filhos em idade escolar deveriam ficar atentos ao exemplo que dão quando falam dos mestres. Não tirar a autoridade deles na frente das crianças. Isso não significa que os estudantes precisam obedecer cegamente, eles sempre devem expressar o que pensam. E os pais sempre podem apresentar queixas na escola. Mas precisam ensinar uma postura de colaboração na sala de aula. Dos gestores escolares, exigir que o professor seja bem preparado, competente e valorizado.

É nas crianças e nos jovens em formação que está o país que podemos ser.  Mas não se enganem, é urgente: antes, há que cuidar de quem os forma.

Foto: Professora de Franco da Rocha, SP, vítima de violência de alunos (Reprodução/TV Globo)

fonte: http://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/post/violencia-contra-os-professores-nao-pode-ser-vista-como-normal.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Denise Machado Moraes.
Apreciação do texto: A PERTINÊNCIA DA TEORIA DE PIAGET PARA COMPREENDER OS PROCESSOS DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Emilia Ferreiro e Ana Teberosky; trad. de Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso. Porto Alegre : Artes Médicas, 1985. (p.25-32)

O texto “A pertinência da teoria de Piaget para compreender os processos de aquisição da leitura e da escrita”, destaca as lacunas existentes na literatura sobre a aprendizagem da língua escrita, apontando que existem basicamente dois tipos de trabalhos: os que visam difundir uma ou outra metodologia como sendo a solução para todos os problemas; e os trabalhos que listam as capacidades ou aptidões necessárias envolvidas nessa aprendizagem; nos trazendo a reflexão e apontando novas formas de ver o processo de alfabetização.
Quanto as teorias dedicadas a estabelecer a lista das aptidões ou habilidades necessárias para aprender a ler e a escrever, o autor do texto as vê como insatisfatórias, pois estas veem o sujeito da aprendizagem quase como um objeto, onde se o objeto esta bem, o mesmo esta apto a aprender a ler e a escrever, ou como o próprio texto refere: “se tudo vai bem, também a aprendizagem da lecto-escrita vai bem.” Aí o autor contrapõem esta visão de sujeito como mero receptáculo de informações, onde ele espera passivamente que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele, por um ato de benevolência; ao sujeito que a teoria de Piaget nos apresenta, que é um sujeito cognoscente, que busca adquirir conhecimento, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e tenta responder os questionamentos que este mundo provoca. Ou seja um sujeito que aprende através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo.
O texto também critica as teorias atuais onde os sucessos da aprendizagem são atribuídos aos métodos e não ao sujeito que aprende, o que segundo o autor seria inaceitável, pois é inato a criança começar a classificar, e ordenar os objetos de seu mundo cotidiano. O que a meu ver é simplesmente afirmar que todo ser humano é capaz de aprender, e construir o conhecimento, pois toda criança é curiosa e avida por aprender, porém esta supervalorização de métodos e formulas pré-fabricadas para o aprendizado, que muitas vezes desestimulam a criança, que de certa forma não vê sentido, num processo burocrático de ensino.
Ainda neste sentido, o texto faz um paralelo entre o aprendizado de cálculo elementar e lecto-escrita; onde Piaget em seus estudos, sobre a aquisição das noções numéricas elementares desconstrói a concepção da ”matemática da primeira série”, alegando que o pensamento lógico é inato a criança, não necessitando adquirir os instrumentos que lhe serviriam para mais tarde adquirir outros conhecimentos. Questionando por analogia até que ponto é sustentável a ideia de que se tem de passar pelos rituais de “ma-me-mi-mo-mu” para aprender a ler? E qual é a justificativa para se começar pelo cálculo mecânico das correspondências fonema/grafema para então se proceder, e somente então, a uma compreensão do texto escrito?
Neste aspecto em questão o autor percebe uma prática pedagógica bastante dissociadora, onde muitos docentes são piagetianos na hora da matemática, e associacionistas na hora da leitura. Criando uma dicotomia nas concepções de aprendizado na própria criança, onde uma hora a criança é vista como criadora, ativa e inteligente, e outra como passiva, receptiva e ignorante.
O texto menciona ainda que na teoria de Piaget, o conhecimento objetivo aparece como uma aquisição, e não como um dado inicial. Aquisição esta que possui um caminho não linear, onde não nos aproximamos dele passo a passo, juntando peças de conhecimento umas sobre as outras, mas sim através de grandes reestruturações globais, algumas das quais são “errôneas” (no que se refere ao ponto final), porém “construtivas” (na medida em que permitem acender a ele), sendo esta noção de erros construtivos é essencial.

Diante dos argumentos expostos no texto, posso afirmar que as analogias feitas quanto a aplicação da teoria de Piaget no ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, são bastante pertinentes, pois acredito que o educador também é um eterno aprendiz, possuindo também a necessidade inata de se questionar, aprender, e reformular seus saberes e convicções. E que o ensino não deve ser entendido como um conjunto de fórmulas e métodos burocráticos, destinados a doutrinar os alunos, para reproduzirem um conjunto de conhecimentos decorados, e que sim o foco do ensino deve ser o aluno, e suas habilidades inatas de aprender, criando e recriando meios, que estimulem a curiosidade e sede de saber do aluno, possibilitando que este construa um conhecimento que lhe faça sentido, e tenha significância em seu mundo.

Autora: Denise Machado Moraes  

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Artigo:EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO (Projeto Policia Pedagógica)


XXI Jornadas de Jóvenes Investigadores de AUGM UNNE, Corrientes, 14 al 16 de octubre de 2013

EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

MORAES, DENISE MACHADO1
SARTURI, ROSANE CARNEIRO2

Universidade Federal de Santa Maria/Brasil
Centro de Educação.
Acadêmica do Curso de Pedagogia1- denisejbb@yahoo.com.br
Professora Doutora do curso de Pedagogia 2


Abstract: This paper aims to present the work in the project Polícia Pedagógica, held in conjunction with the Civil Police. The thematic involves questions about the use of drugs, violence and bullyng, present in the school context. The methodology is qualitative, participatory research, in which the author, while acting in the project reflects about it and causes changes in context, provides for the inclusion in schools through speeches in the school community, involving students and professors. The problem is to ask yourself "how the discussion about drugs, violence and bullying can contribute to the social formation of the public school communities of the city of Mata, Rio Grande do Sul / Brazil '. Chalita (2004), Freire (1996), and Galimard (1983) served as the theoretical reference. It is concluded that this project had a significant impact to the awareness of these children and adolescents modifying some concepts and attitudes within the school context.

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no projeto Policia Pedagógica, realizado em conjunto com a Policia Civil. A temática envolve questões sobre o uso de drogas, violência e bullying presentes no contexto escolar. A metodologia é qualitativa, do tipo pesquisa participante, na qual a autora, ao mesmo tempo em que atua no projeto reflexiona e provoca mudanças no contexto, prevê a inserção nas escolas através de palestras na comunidade escolar, envolvendo alunos e professores. O problema é questionar-se “como a discussão sobre drogas, violência e bullying pode contribuir para a formação social das comunidades escolares da rede pública municipal do município de Mata, Rio grande do Sul/ Brasil?. Chalita (2004), Freire (1996) , e Galimard (1983) serviram de referencial teórico. Conclui-se que a realização deste projeto teve uma repercussão relevante para a tomada de consciência destas crianças e adolescentes modificando alguns conceitos e atitudes dentro do contexto escolar.

Palavras chave: Desafios, Escola, Prevenção.

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo relatar as atividades realizadas através do projeto polícia pedagógica, bem como as suas implicações nas mudanças de conscientização e de conduta de alguns alunos integrantes das escolas públicas do município da cidade de Mata/ RS, Brasil.
O Projeto se iniciou após uma parceria entre acadêmicas do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria e Policiais Civis do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, que ao se depararem com certos alunos que apresentavam comportamentos agressivos, excludentes e ao mesmo tempo prejudiciais a aprendizagem no contexto escolar da cidade de Mata/RS, resolveram intervir buscando melhorias. Primeiramente os integrantes do projeto realizaram visitas individuais nas escolas do município, procurando investigar junto ao corpo docente de cada instituição os problemas mais comuns. Assim traçou-se um perfil, o qual retratava as dificuldades de cada escola. Após esses estudos, as futuras pedagogas, juntamente com os policiais, organizaram um material para cada instituição, os quais foram utilizados durante círculos de palestras e debates reflexivos que buscava trazer informações úteis a comunidade escolar. A temática envolveu questões como: uso de drogas, violências (física, pscicológia e verbal), (bullying), entre outras, presentes no contexto escolar. O trabalho surge a partir de reflexões feitas pelos integrantes do projeto Policia Pedagógica que buscou de algum modo solucionar tais problemas. Durante a realização deste trabalho de informação, conscientização e prevenção, procurou-se respeitar cada realidade, de modo a tornar as atividades interessantes ao publico alvo (alunos e professores), assim se preocupou em considerar as peculiaridades de cada escola, pois como afirmava Freire: Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e para comunicar e anunciar a novidade. (Freire 1996, p.29). Sem a existência da pesquisa, levar assuntos que despertem o interesse do educando é algo quase impossível, porque é preciso conhecer suas dificuldades para ajudá-los a superá-las indicando novas possibilidades.
Para a elaboração deste projeto, como já mencionado anteriormente, contou-se com a importante parceria da Polícia Civil, um órgão que muitas vezes é mau visto pela sociedade, principalmente nas regiões de periferia onde são mais altas as taxas de criminalidade e na maioria das vezes este só age após o crime cometido. Logo, esta iniciativa colaborou para além do trabalho de conscientização, acabou também por gerar uma aproximação entre a Polícia Civil e comunidade local, desmitificando a idéia de Policia que só serve para punir. Pois segundo Debarbieux: A propósito de autoridade, o uso de funcionários da autoriedade para ajudar a resolver os problemas de violência não é forçosamente uma má idéia, se não pretendermos que eles façam tudo. [ ...] A policia é considerada como um elemento mais exterior ao bairro e ao trabalho de prevenção e de proximidade não serve a carreira. [...] Daqui resulta uma ignorância e um evitar recíproco entre a policia e os cidadãos, em particular nas zonas de risco>>.Em resumo, mesmo quando as relações são muitas vezes boas e eficazes entre um comissário e um chefe de estabelecimento, a policia esta longe de ser uma policia de proximidade acrescendo ao capital social de uma comunidade.ela é concebida como aquela que deveria fazer<< os trabalhos sujos>>, um trabalho de repressão ou, na melhor das hipóteses, de dissuasão. É um trabalho impossível quando a comunidade se fecha sobre si própria, numa desconfiança recíproca. (Debarbieux 1996, p. 265). Assim, essas visitas amistosas dos policiais ás escolas públicas da cidade de Mata/RS, durante a realização do projeto, gerou um clima de maior confiança entre alunos, pais e comunidade em geral que acabaram se sentindo mais a vontade com a Policia Civil da cidade, indo com maior freqüência a delegacia, inclusive para pedir conselhos.
O autor Chalita, em seu livro “Educação: a Solução está no Afeto” fala dos valores da boa convivência em sociedade, e dos problemas causados pelas diferenças culturais na escola, indicando desse modo possíveis soluções apoiando-se na idéia de formação de alunos críticos e conscientes na construção de uma sociedade mais feliz, pois de acordo com o mesmo:
“Há algo além da Lei que pode ser desenvolvido através da educação: a formação ética de um cidadão. Ético como valor de convivência em sociedade, como busca do bem comum, da liberdade social [...]” (Chalita 2004, p.112). Partindo dessa perspectiva fazemos parte de um mundo onde se convive com diversidade cultural, diferenças essas, as quais muitas vezes podem ser encaradas por alguns de forma violenta, nossos alunos devem estar preparados para aceitar o outro, pois se precisa ter a habilidade social que é definida por Chalita como: “A habilidade Social - o aluno é preparado para quê? Naturalmente um dos principais objetivos deve ser sua convivência com o grupo. O desenvolvimento da capacidade de trabalhar em um mundo multicultural onde as diferenças sejam respeitadas a habilidade social, a capacidade de liderar e de gerir pessoas com problemas diferentes, sonhos diferentes, idéias diferentes”. (Chalita 2006, p.259).
Em nosso convívio diário muitas vezes nos perguntamos o que fazer para respeitar o espaço do outro e sermos respeitados também, uma das alternativas pode ser simples: precisamos ter auteridade, a capacidade de refletir se colocando no lugar do outro. Infelizmente muitos conflitos ocorrem entre alunos na escola pela não aceitação do outro. Assim segundo Fante e Pedra: “A discriminação é um mal que assola a sociedade e pode ser contra um determinado povo, raça ou grupo além de outros. A discriminação é uma das ações provocadas pelo bullying”. (Fante e Pedra 2008,p.42)
Desse modo nossa parceria ocorreu nas escolas, onde muitos conflitos são comuns, tivemos através desse trabalho o intuito de amenizá-los, partindo sempre do diálogo para a conscientização. De acordo com os autores Fante e Pedra: “Em todo o mundo milhões de estudantes deixam de comparecer ás escolas por medo de sofrer bullying. Somente nos Estados Unidos, 160 mil estudantes não comparecem ás aulas diariamente por causa do Bullying. No Brasil, não temos dados quantitativos que nos possibilitem esse conhecimento, porém sabemos que o índice de absentismo é alto. O bullying interfere no processo de aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo, sensorial e emocional. Favorece o surgimento de um clima escolar de medo e insegurança, tanto para aqueles que são alvos como para os que assistem calados ás mais variadas formas de ataques. O baixo nível de aproveitamento, a dificuldade de integração social, o desenvolvimento ou agravamento das síndromes de aprendizagem, os altos índices de reprovação e evasão escolar têm o bullying como uma de suas causas.” (Fante e Pedra 2008 p. 9 e 10)
Assim, como futura educadora, considera-se que o papel do professor na sociedade atual vai além de apenas alfabetizar, o educador precisa ajudar os sujeitos a se comportarem de forma adequada, valorizando o respeito mutuo. O docente que se prepara para o trabalho que irá realizar com seus alunos, é aquele que se preocupa com a formação dos sujeitos confiados a ele, ensinando a estes bem mais que conteúdos curriculares, tal educador ensina também valores, pois é consciente quanto à importância do seu papel na sociedade, sempre buscando uma melhoria no contexto o qual este inserido. Segundo Chalita: “Os problemas pelos quais passam os sistemas de ensino no país são grandes, há muitas possibilidades de se quebrarem paradigmas e de se construir um outro conceito de educação, de forma a assegurar, por meio de ações simples, resultados concretos e positivos. São pequenos gestos que provocam as mudanças, e a intervenção de cada um de nós, mesmo que numa tímida esfera de atuação, produz resultados alentadores.”(Chalita 2004,p. 67). Desse modo, acredita-se que com essa parceria buscou-se bem mais do que levar informações para os alunos, professores e comunidade local, buscou-se antes de tudo promover a autonomia dos sujeitos envolvidos, pois a partir do momento que nos instruímos, nossos horizontes se ampliam, sujeitos instruídos são sujeitos mais autônomos, capazes de escolher, reinventar e sonhar com um futuro mais justo e cada vez melhor para todos. Por isso desenvolveu-se esta parceria, a qual trataremos de abordar no desenvolver deste trabalho.

Referencial Teórico

Para fundamentar as temáticas vivenciadas no contexto escolar da cidade de Mata/RS, tais como: drogas, violência e bullying , bem como a parceria na tentativa de conscientização dos alunos atendidos, realizou-se a leitura de autores como: Chalita, (2004), Debarbieux (2006), Delval (2007), Fante e Pedra (2008), Freire (1996), Galimard ( 1983), Entre outros. Neste trabalho deu-se um destaque ao bullying, pois segundo Fante e Pedra: “O bullying é uma forma de violência que resulta em sérios prejuízos, não apenas ao ambiente escolar, mas a toda sociedade, pelas atitudes de seus membros. As relações desestruturadas por meio de condutas abusivas e intimidadoras incidem na formação dos valores e do caráter, o que refletira na vida do individuo, no campo pessoal, profissional, familiar e social. O bullying esta diretamente relacionado á formação de gangues, ao uso de drogas e armas, á violência domestica e sexual, aos crimes contra o patrimônio e consequentemente, á necessidade de altos investimentos governamentais para atender a demanda da justiça, dos presídios, dos programas sociais e da saúde”. (Fante e Pedra. 2008 p.37). Assim vemos as temáticas a exemplo da violência escolar e drogas como sendo conseqüência da intolerância as diversidades culturais, e desinformação. Nosso trabalho se justifica na tentativa de criar um meio educacional mais harmônico e saudável, que propicie o ensino-aprendizagem de sujeitos mais autônomos para pensar e viver em sociedade. Desse modo entendemos que a responsabilidade de promover esta mudança não é exclusiva da escola, e sim dos diversos entes formadores de nossa sociedade. E somente com o esforço conjunto entre diferentes órgãos e entidades, como neste caso especifico a policia civil, escolas e acadêmicas, que conseguiremos combater a atual sensação de insegurança e violência em nossas escolas e sociedade.

Metodologia
Realizou-se para a elaboração do presente trabalho uma pesquisa qualitativa e do tipo pesquisa participante a qual segundo Santos (2010, p.10) O pesquisador realiza uma investigação com o intuito de promover uma intervenção, buscando modificar um contexto social existente. No caso especifico criou-se o projeto Polícia Pedagógica, com a intenção de esclarecer os alunos do município de Mata/RS, diante das problemáticas enfrentadas, pois se pretendia uma mudança comportamental dos mesmos.

Resultados e Discussões

A educação aos poucos vem avançando e ganhando os espaços territoriais de nosso país e mundo, precisamos nos unir, procurando garantir sua qualidade. A educação sendo um dos setores básicos e essenciais a nossa vida em sociedade pode indicar também sinônimo de qualidade de vida, e quando a escola não anda bem, precisamos ir à busca de soluções possíveis, sempre buscando por sua melhoria. A fim de que se propicie um ambiente de ensino- aprendizagem agradável e acolhedor, onde todos se sintam confortáveis e seguros dentro dele. De acordo com Fante e Pedra: “As escolas devem oferecer ao aluno, além da qualidade de ensino, ambiente seguro para o seu desenvolvimento emocional e sócio educacional. É imprescindível que adotem estratégias de intervenção e prevenção do comportamento agressivo. Devem disponibilizar espaços para que os alunos e professores discutam o tema e encontrem soluções para as situações apresentadas pelo grupo-classe”. (Fante e Pedra, 2008.p.118). Baseado nesses pensamentos de inquietude diante dos desafios encontrados nas escolas do município de Mata/RS. Decidiu-se, de forma voluntária pela criação e execução do projeto policia pedagógica. Onde se promoveram encontros que buscavam o envolvimento da comunidade escolar, a fim de levar mais clareza a esses alunos, e professores que se encontravam confusos diante de alguns destes desafios que afetavam de forma visível todo o ambiente educativo, o que inevitavelmente acabava refletindo também fora dele. Ao fim dos encontros percebeu-se nos alunos uma postura mais autônoma e consciente na tomada de decisões o que se refletiu na comunidade escolar como um todo. Percebeu-se nos agentes que tiveram a iniciativa um crescimento pessoal e profissional, sem dúvida esse trabalho não deve dar-se por encerrado, sendo apenas o inicio de um processo de prevenção contínuo.

Considerações Finais

Conclui-se que o projeto Policia Pedagógica, o qual se constituía em levar informações úteis para os alunos na tentativa de melhorar hábitos comportamentais, prevenindo atitudes agressivas dentro e fora do ambiente escolar foi completamente pertinente, pois o ser humano amplia suas capacidades, inclusive a de mudança, a partir dos conhecimentos por ele construídos. Assim para Chalita: “Em primeiro lugar, o processo educacional transcende os muros de uma instituição de ensino. A escola não é a única responsável pela educação. Em segundo lugar, educação é um conceito mais amplo do que ensino, mais abrangente, e significa um processo continuado de aprendizagem- um aprender a aprender que não termina com os ciclos de ensino previstos na Constituição Federal ou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação”. (Chalita, 2004.p.255). Desse modo queremos e lutamos por um mundo melhor, com mais educação, segurança, saúde, tolerância, oportunidades e amor ao próximo. Realizamos esse trabalho de forma voluntária porque acreditamos que mudar é possível e para que isso ocorra, aos poucos, precisamos de mais trabalhadores dispostos, gerando bons exemplos de cooperação.

Referencias Bibliográficas

Chalita, Gabriel: Educação: a solução esta no afeto. São Paulo: Gente. 2° Ed, 2004.
Debarbieux, Éric:Violência na escola. Um desafio mundial?Armand Colin,Paris, 2006.
Delval, Juan: A escola possível: Democracia, Participação e Autonomia.Campinas, SP, Mercado de Letras, 2007.
Freire, Paulo: Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
Galimard, Pierre: Acriança de 6 a 11 Anos: Desenvolvimento da inteligência, amadurecimento afetivo, descoberta da vida social, atritos familiares. São Paulo. Paulinas, 1983.
Santos, Carlos J. G. Tipos de Pesquisa. p.9.2010. Disponível em: http://www.oficinadapesquisa.com.br/_OF.TIPOS_PESQUISA.PDF> Acesso em: 20 setembro. 2013.
Fante, Cleo e Pedra, José Augusto: Bullying escolar: Perguntas & Respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008