segunda-feira, 28 de abril de 2014
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Denise Machado Moraes.
Apreciação do texto: A
PERTINÊNCIA DA TEORIA DE PIAGET PARA COMPREENDER OS PROCESSOS DE
AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
FERREIRO, Emilia
e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese
da Língua Escrita.
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky; trad. de Diana Myriam Lichtenstein,
Liana Di Marco e Mário Corso. Porto Alegre : Artes Médicas, 1985.
(p.25-32)
O texto “A
pertinência da teoria de Piaget para compreender os processos de
aquisição da leitura e da escrita”, destaca as lacunas existentes
na literatura sobre
a aprendizagem da língua escrita, apontando que existem basicamente
dois tipos de trabalhos: os que visam difundir uma ou outra
metodologia como sendo a solução para todos os problemas; e os
trabalhos que listam as capacidades ou aptidões necessárias
envolvidas nessa aprendizagem; nos trazendo a reflexão e apontando
novas formas de ver o processo de alfabetização.
Quanto as
teorias dedicadas a estabelecer a lista das aptidões ou habilidades
necessárias para aprender a ler e a escrever, o autor do texto as vê
como insatisfatórias, pois estas veem o sujeito da aprendizagem
quase como um objeto, onde se o objeto esta bem, o mesmo esta apto a
aprender a ler e a escrever, ou como o próprio texto refere: “se
tudo vai bem, também a aprendizagem da lecto-escrita vai bem.” Aí
o autor contrapõem esta visão de sujeito como mero receptáculo de
informações, onde ele espera passivamente que alguém que possui um
conhecimento o transmita a ele, por um ato de benevolência; ao
sujeito que a teoria de Piaget nos apresenta, que é um sujeito
cognoscente, que busca adquirir conhecimento, que procura ativamente
compreender o mundo que o cerca, e tenta responder os questionamentos
que este mundo provoca. Ou seja um sujeito que aprende através de
suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói
suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza
seu mundo.
O texto também
critica as teorias atuais onde os sucessos da aprendizagem são
atribuídos aos métodos e não ao sujeito que aprende, o que segundo
o autor seria inaceitável, pois é inato a criança começar a
classificar, e ordenar os objetos de seu mundo cotidiano. O que a meu
ver é simplesmente afirmar que todo ser humano é capaz de aprender,
e construir o conhecimento, pois toda criança é curiosa e avida por
aprender, porém esta supervalorização de métodos e formulas
pré-fabricadas para o aprendizado, que muitas vezes desestimulam a
criança, que de certa forma não vê sentido, num processo
burocrático de ensino.
Ainda neste
sentido, o texto faz um paralelo entre o aprendizado de cálculo
elementar e lecto-escrita; onde Piaget em seus estudos, sobre a
aquisição das noções numéricas elementares desconstrói a
concepção da ”matemática da primeira série”, alegando que o
pensamento lógico é inato a criança, não necessitando adquirir
os instrumentos que lhe serviriam para mais tarde adquirir outros
conhecimentos. Questionando por analogia até que ponto é
sustentável a ideia de que se tem de passar pelos rituais de
“ma-me-mi-mo-mu” para aprender a ler? E qual é a justificativa
para se começar pelo cálculo mecânico das correspondências
fonema/grafema para então se proceder, e somente então, a uma
compreensão do texto escrito?
Neste aspecto em
questão o autor percebe uma prática pedagógica bastante
dissociadora, onde muitos docentes são piagetianos na hora da
matemática, e associacionistas na hora da leitura. Criando uma
dicotomia nas concepções de aprendizado na própria criança, onde
uma hora a criança é vista como criadora, ativa e inteligente, e
outra como passiva, receptiva e ignorante.
O texto menciona
ainda que na teoria de Piaget, o conhecimento objetivo aparece como
uma aquisição, e não como um dado inicial. Aquisição esta que
possui um caminho não linear, onde não nos aproximamos dele passo a
passo, juntando peças de conhecimento umas sobre as outras, mas sim
através de grandes reestruturações globais, algumas das quais são
“errôneas” (no que se refere ao ponto final), porém
“construtivas” (na medida em que permitem acender a ele), sendo
esta noção de erros construtivos é essencial.
Diante
dos argumentos expostos no texto, posso afirmar que as analogias
feitas quanto a aplicação da teoria de Piaget no
ensino-aprendizagem da leitura
e da escrita, são bastante pertinentes, pois acredito que o educador
também é um eterno aprendiz, possuindo também a necessidade inata
de se questionar, aprender, e reformular seus saberes e convicções.
E que o ensino não deve ser entendido como um conjunto de fórmulas
e métodos burocráticos, destinados a doutrinar os alunos, para
reproduzirem um conjunto de conhecimentos decorados, e que sim o foco
do ensino deve ser o aluno, e suas habilidades inatas de aprender,
criando e recriando meios, que estimulem a curiosidade e sede de
saber do aluno, possibilitando que este construa um conhecimento que
lhe faça sentido, e tenha significância em seu mundo.
Autora: Denise Machado Moraes
quinta-feira, 3 de abril de 2014
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